Quando acordei, achei difícil decidir o que era pior: a dor
de cabeça que estava sentindo, as quatro garrafas vazias de vinho ao lado da
cama, ou estar com uma desconhecida deitada ao meu lado. Deviam ser dez horas
da manhã, sentei na cama, esperei tudo parar de girar ao meu redor e levantei.
Lavei o rosto e voltei para o quarto, e quando as coisas pareciam um pouco mais
claras na minha memória, ‘a desconhecida’ acordou. Quando seu olhar encontrou o
meu, ela sorriu e soltou um adorável ‘bom dia’.
Ainda meio
tonto, mas agora ciente do que estava acontecendo, preparei um café enquanto a
linda mulher, usando apenas minha camisa, estava sentada à minha frente me observando,
sem dizer nada. Perguntei para ela se ela lembrava do que havia acontecido na
noite passada, e obtive como resposta uma risada seguida de um ‘até a metade da
terceira garrafa de vinho, sim’. Ela estava na vantagem, eu nem fazia ideia de
onde tais garrafas tinham surgido.
Terminando
o café, a moça levantou, vestiu suas roupas e disse que precisa ir. Mais que
depressa, pergunto para onde. Tinha muita coisa que eu ainda não
sabia/lembrava. Ela disse que voltaríamos a nos encontrar em breve, me deu um
beijo no rosto e saiu, deixando o apartamento com um ar ainda mais confuso.
Enquanto arrumava o quarto encontrei meu celular embaixo da cama ao lado de
mais uma garrafa de vinho, essa ainda pela metade. Ao desbloquear o celular,
tenho várias notificações. Dentre elas, mensagens de várias pessoas, inclusive
da tal moça que há pouco tinha saído do meu apartamento.
Ao
terminar de ler tudo, as coisas ficaram muito mais claras para mim. Eis o que
aconteceu: na noite passada eu estava em casa, lendo, com a xicara de café ao
lado, quando recebi um convite para sair. Já que não tinha nada para fazer
mesmo, por que não? Junto com um grupo de amigos, fomos para uma casa noturna.
Até aí tudo bem, mas nesse grupo de amigos havia uma nova integrante, Christi
era seu nome. Desde que chegamos na tal casa noturna ela me encarava, seus
olhos verdes e boca rosada tinham me encantado tanto, que não havia como eu não
a encarar também. Depois de algumas doses de bebidas que nem me lembro o nome e
de muita conversa, convidei-a para ir ao meu apartamento.
Acho
que o resto da noite já pode ser imaginado por todos; se não pode, deixo livre
para imaginarem o que quiserem da nossa noite. De volta às mensagens, em uma
delas ela dizia que estava esperando para me encontrar novamente. E com certeza
eu queria encontrá-la! Foi mais que uma atração, ainda não sei o que ela fez,
mas me marcou tão fundo... e tudo que me marca eu faço o possível para que
permaneça por perto. Afinal o que pode ser mais marcante do que algo que não te
faz esquecer?